Amar é ler um texto e desejar tê-lo escrito pra ti. Só pra ti. É escutar a música brega, de sequências clichês, e jurar que um dia sonhei também compô-la pra ti.
É ver teus cabelos, tuas manias e teus beijos em melodias, notas e arranjos mal feitos. Em conversas de esquina, em bancos de praça, em filas de banco, em bancos de igreja, em santuários escondidos de minhas paixões.
É ser em cada frase…
Espelho.
Em cada metáfora…
Reflexo.
E em cada palavra te enxergar, me enxergar, nos enxergar.
É te notar e sentir involuntariamente todas as minhas frequências aumentar. Pulsar.
É planejar te ter além… das reticências. É. tentar. te. conquistar. em. cada. repetitivo. ponto. e. mal. colocada. vírgula, É imaginar te pertencer só por entrelinhas e nem se importar.
Amar é com as minhas mãos te olhar. Com meus olhos te roçar. Com a minha boca te ouvir. E do nada toda essa lógica trocar, só pra novas formas de te ter experimentar.
É te mastigar com ouvidos, braços, narinas, dentes e pele. Em todas as inimagináveis e inspiradas conjugações sinestesiar. Ah, sinestesiar.
É de sentidos alheios me apropriar, torná-los meus. E negar direitos autorais por mera pretensão de achar que eles não são de mais ninguém. É emprestar sem devolver. E ainda te oferecer. É se achar na obrigação de, ao saber que tá faltando, completar. Ou pelo menos tentar.
É costurar os sentidos, rasurar, rabiscar, apagar. E novas letras (re)desenhar. É colorir com as tuas nuances mais imperceptíveis e tuas sutilezas mais notáveis. Emoldurar-te.
É escrever, escrever, crê, ver(-te) e continuar a escrever, mesmo sem ter no calendário um dia marcado pra você ler.
Por Petterson Farias
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